Reflexões mundanas sobre pessoas especiais… E as memórias do marujo bêbado

É sempre assim, quando achamos que o mundo já bateu no limiar da nossa existência, quando achamos que a melhor estratégia é não mexer no que está acomodado, afinal já foram tantas investidas, tantos amores mal resolvidos na ótica linear e tão resolvidos na eternidade de nosso ser, tantas dores, tantas lágrimas, que momentos de pseudopaz bucólica e anal são até bem vindos, mas eis que vem alguém e bingo!!!! … Às vezes tão assustadoramente igual à gente, que parece um espelho…O problema é que no espelho eu uso calcinha e batom vermelho…Será que ela usa calcinha???. Bom, acho que a idéia de nos defrontarmos com um alterego bonito e de voz sensual e firme, que parece senhora do momento e ao mesmo tempo um ser frágil e delicado, esbanjando afeto e companheirismo, com um olhar doce e severo, tão antagônica e tão coerente, será que isso existe? Bom se existir poderíamos encarar tal aparição como uma dádiva e ao mesmo tempo como um presente de grego, ainda mais quando pela ótica temporal e linear ela chegou 10 anos atrasada e com uns 8 anos a menos que você, mas como na minha vida eu decidi banir a ótica linear de pensamentos e encadeamentos metafísicos, resolvi usar uma abordagem tridimensional de universos paralelos que se cruzam em momentos tão planejados e perfeitos que nenhuma outra lógica é capaz de explicar ou decifrar, estamos aqui eu e minha alma escrevendo este texto confuso e cheio de metáforas para que possa tentar, eu e meu eu um entendimento não obvio e não linear dessa joça toda.

Na vida eu classifico as pessoas em 2 tipos: as “especiais”, e as “outras”…, As especiais aparecem em momentos ímpares da nossa existência e permanecem pelo resto de nossas vidas, em nossos corações, não importando a duração de nossos encontros, sejam eles breves como uma tarde de conversas no parque ou um vagalhão de dias incontáveis, vivendo em plena sincronia de atos e cumplicidades; já as “outras”, bem, algumas vezes vivemos ao lado delas uma vida inteira e mesmo assim elas não são capazes de decifrar nossos mais insignificantes enigmas, tipo será que dá para parar de implicar com meu tênis jogado no meio do chão da sala? Ainda aquelas do grupo das “especiais” são convidadas a nos decifrar e nos perscrutar a alma mesmo que através de um breve olhar, que em sua inocência parece apenas um olhar ingênuo daqueles sem muita intenção, mas que na realidade detém o poder de abrir nosso âmago e enxergar lá no fundo, mesmo que por um instante e já o suficiente para dar aquela olhada assim meio sapeca, de lado e com sorriso maroto e cantar no seu ouvido: hum, já te saquei meu irmão, já te saquei…

Às vezes parece uma grande sacanagem essas pessoas aparecerem na nossa vida, sejam elas do sexo masculino ou principalmente quando são do sexo feminino tão belas e sedutoras, afinal se fossem homens feios e barbudos vá lá, um abraço e um aperto de mãos mais acalorado e tudo se resolve, o sentimento de companheirismo flui e a emoção rola quando nada precisa ser dito, já quando nossa antagonista “especial” é do sexo feminino, é um problema grave, afinal é esse tipo de mulher que passamos a vida toda buscando, e quando encontramos, pimba! O universo todo parece conspirar no inverso temporal e retilíneo, para que tudo aconteça fora da ordem ideal, mas afinal qual é a ordem ideal? Em que momentos estaremos mais receptivos a este tipo de encontros? Talvez justamente quando a letargia de uma vida acomodada bata sem dó na porta de uma alma guerreira e inquieta, que deixou a espada de lado, e resolveu observar serenamente o campo de batalha da vida, esperando um momento mais oportuno para entrar na contenda de novo… É talvez, apenas talvez, hoje me reste o beneficio da dúvida, não com relação a esta pessoa tão “especial”, pois seu lugar ao sol em meu coração ela já tem, mesmo que eu nunca venha á dizer isso, assim tão abertamente, mas lá estará ela, bela e bem acomodada na área VIP do coração desse CAFA filosófico, mas minha dúvida, essa sim permanece, quanto ao tempo, se está na hora ou não de entrar no campo de batalha de novo, a final a felicidade incondicional louca e transviada, essa mesmo meu amigo essa que te faz pirar na batatinha e sambar na maionese, esta felicidade tão mundana e gostosa, tão ardente e selvagem, está… Só na arena da vida debaixo do sol de 40 graus e não nessa pocilga de sombras, das almas que se recostam nos cantos obscuros da nossa idiotice medíocre e fujona.

Um desses dias a muitos anos atrás eu escrevi: “pobre dos idiotas que teimam em não se molhar diante dos oceanos de paixões que a vida nos dá, pobre dos mortais que não se deixam tocar pelo fugaz e pelo incerto, que padeçam no inferno de certezas que só a terra firme pode proporcionar”, por isso eu digo: sou do mar! E, ao mar me lançarei por todos os dias de minha não tão medíocre vida e não contente em apenas navegar, deixarei meu corpo vagar pelas profundezas dessa imensidão azul que com um pouco de luz, torna-se o mais colorido e misterioso dos universos, luz esta que carrego comigo a fim de iluminar e registrar, para quem queira entrar ou simplesmente olhar.

Pensem meus amigos leitores que talvez isso aconteça algumas vezes em vossas vidas, e que talvez valha a pena desencostar essa bunda gorda das paredes desta cabana sombria e mal cheirosa, que é a vida conformista, que muitas vezes nos obrigamos a viver, que fique aqui o conselho de encarar a vida, nem que seja por um breve instante, com os olhos de um marujo maltrapilho e feliz, bêbado ao sabor do rum e que tem no mar sua verdadeira casa, seu verdadeiro lar, garanto amigos que o passeio pela maré de incertezas da vida será visto com outros olhos, após essa jornada, a centelha de paixão e o cheiro da maresia indecifrável, que vem de ventos Elíseos, prontos a serem decifrados, vai ser um combustível e tanto para nos encorajar, a alçarmos nossos vôos mais insanos em direção a mares pouco navegados e dias mais ensolarados.

Perdoem-me amigos, a falta de brevidade, mas no universo tridimensional a teoria do caos reina soberana e poucos toques podem se tornar odisséias literárias maçantes e pouco relevantes.

Abraços molhados marujos

Eu